segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

apresentação

Através dos tempos, os lavores foram a forma da mulher expor o seu valor, a sua graça e habilidades. A forma como as mulheres exprimiam a sua criatividade dentro do espaço doméstico, dedicando o seu tempo livre a estas artes.
Saberes passados de mães para filhas de geração em geração.
Saberes que se foram perdendo na segunda metade do século passado, quando a mulher urbana alterou o seu papel na sociedade, enveredando pela carreira profissional.
Associados aos entreténs das mulheres sem profissão que ficavam em casa, os lavores foram conotados negativamente durante duas gerações. A mulher queria libertar-se dessa imagem.

Hoje, talvez porque a mulher nada tem a provar, sente-se livre para fazer o que quer, inclusivé relembrar estes “afazeres com arte das suas avós”.
Saberes que até parece que nos correm nas veias, como uma herança genética e que apenas precisam de ser relembrados, para logo os conseguirmos recuperar.
É com nostalgia, que as mulheres de hoje vêem os trabalhos das suas avós e encontram nestas artes uma boa forma de desanuviar do stress do dia-a-dia. Procuram frequentar pequenos cursos ou workshops onde aprendam estas artes.
Estamos perante uma nova geração de mulheres que se divide em duas categorias:
- Mulheres de carreira, com cursos superiores que procuram escapes ao stress do dia a dia.
- Mães que escolheram ficar em casa com os filhos pequenos e procuram uma forma de rendimento.
Jane Brocket é o exemplo de mulher moderna que encontra nos fios e agulhas o seu escape e a sua forma de expressão. Frequenta igualmente workshops que lhe tragam novos conhecimentos e encontros de tricots semanais. Não faz trabalhos complicados, mas faz como consegue.
Rosa Pomar fez destes afazeres, a fonte de rendimentos familiar, podendo assim acompanhar as suas filhas em casa até aos 3 anos. Aprendeu por si, com quem lhe aparecia e através da Internet. Vendia os seus produtos online, em feiras de artesanato e lojas.

O sucesso actual destes “afazeres com arte”, deve-se, para ambas as categorias de mulheres, ao facto de as permitir expressar com simplicidade. O reconhecimento do valor das coisas feitas em casa, de capacidades negligenciadas e subvalorizadas, o prazer das coisas comuns.

Pode ser a esperança para dar continuidade aos saberes, técnicas e afazeres com arte tradicionais.
Os lavores dão a oportunidade, também à mulher de hoje, de expressar a sua criatividade, as suas aptidões, o seu gosto e a sua personalidade. Os lavores libertam a nossa mente, mãos e olhos e serenam o nosso espírito.

Estamos numa era riquíssima, em que a mulher tem uma vida muito diversificada, os mais diversos estímulos, nunca houve tanta troca de informação como nos nossos dias, como a internet  nos proporciona através dos sites e blogs. 

A mulher tem, actualmente a capacidade de promover as artes tradicionais criando novos objectos de uma forma inusitada, explorando novos materiais e apresentando uma renovação de ideias e actualização da tradição aos dias de hoje.
Quantas vezes se ouve: “Eu via a minha avó fazer... mas nunca quis aprender, pois achava tão piroso...”

Por isso, o projecto aFAZERes COM ARTe pretende proporcionar cursos, workshops e actividades, ensinar como as nossas avós, mas com novos usos.

Saber integrar os afazeres com arte neste novo conceito de vida, para que os trabalhos tenham actualidade e sejam utilitários e não meras “peças” que se guardam no fundo do baú.

Conversar faz parte do desenvolvimento destas artes. Surpreendentemente, Nova Iorque é um bom destino turístico para tricotar, com inúmeros cafés onde se faz tricot e conversa sobre modelos e fios. Por isso, as aulas iniciar-se-ão com a apresentação das formadoras e das alunas, com a transmissão de conhecimentos acerca do legado histórico que acompanha cada técnica, relato de curiosidades e apresentação de trabalhos antigos e actuais.

aFAZERes COM ARTe propõe uma saudável ocupação dos seus tempos livres.
 

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